Novos diálogos obtidos
pelo site The Intercept Brasil e publicados sexta-feira (5) pela revista
Veja, o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, teria pedido a
procuradores da força-tarefa da Lava Jato que incluíssem provas em processos
que julgaria depois, além de ter feito pressão para frear delações, acelerado
ou atrasado operações e atuado como chefe do Ministério Público Federal (MPF).
Faustão – Nas novas mensagens, o apresentador Fausto Silva, da TV Globo, sugere a Moro que usasse
uma \”linguagem mais simples, do povão\” durante as entrevistas ou
coletivas. Em 7 de maio de 2016, o então juiz comentou pelo Telegram a
recomendação do apresentador do Domingão do
Faustão com o procurador Deltan Dallagnol. \”Conselho de
quem está a (sic) 28 anos na TV.
Pensem nisso. O apresentador confirmou a conversa.
Eduardo
Cunha – No dia 5 de julho de 2017, Moro questiona Dallagnol sobre uma
possível delação premiada do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ).
\”Espero que não procedam\”, escreveu. \”Só rumores. Não
procedem\”, respondeu Dallagnol. \”Acompanharemos tudo. Sempre que
quiser, vou te colocando a par\”, finalizou. \”Agradeço se me mantiver
informado. Sou contra, como sabe\”, opina Moro. Cunha teria prometido falar
sobre Temer e pelo menos mais 50 deputados, senadores e ministro. Sua proposta
de delação foi rejeitada pela Lava-Jato.
Fachin – Em 13 de julho
de 2015, Dallagnol comenta com os colegas do MPF que conversou 45 minutos com o
ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.
\”Aha uhu o Fachin é nosso\”, diz Dallagnol aos colegas. Seis dias
antes, a preocupação dos procuradores era que, como a proposta de delação de
Cunha atingia políticos com foro privilegiado, a palavra final para assinar um
acordo passava para a Procuradoria-Geral da República, e a homologação deveria
ser assinada por Fachin.
Prova – Em uma
conversa de 28 de abril de 2016, Moro avisa Dallagnol que faltara uma prova na
denúncia de Zwi Skornicki, lobista acusado de intermediar propinas no esquema
de corrupção da Petrobras. A informação é dada por Dallagnol à procuradora
Laura Tessler, afastada depois por sugestão do Dallagnol. Skornicki
tornou-se delator e confessou ter pago propinas a funcionários da estatal.
Bumlai –
Em 17 de
dezembro de 2015, Moro cobrou manifestação do MPF no pedido que revogava a
prisão preventiva do pecuarista João Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente
Lula. \”Preciso manifestação MPF no pedido de revogação da preventiva do
bmlai até amanhã meio dia\”, sugere Moro. \”Ok, será feito\”
responde Dallagnol. \”Seguem algumas decisões boas para mencionar quando
precisar prender alguém… pena que parece que quem emitiu a decisão anda meio
estranho\”, completa.
Nota – O Ministério da Justiça reiterou, por nota, que não reconhece a autenticidade de “supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente\”. A pasta lamentou que Veja tenha se recusado a encaminhar a cópia das mensagens antes da publicação da matéria.
MoroSuaCasaCaiu – Os novos diálogos vazados entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores
da força-tarefa da Lava Jato viraram o assunto mais comentado nas redes
sociais. No Twitter, a hashtag #MoroSuaCasaCaiu é a primeira dos assuntos do
momento no Brasil. Os tuiteiros não perderam a oportunidade para comentar o
vazamento e o clima se polarizou mais uma vez. De um lado os memes viralizaram,
enquanto de outro a defesa do ministro da Justiça e Segurança Pública se
estabeleceu.