O
ex-presidente Michel Temer (MDB), de 78 anos, se entregou à Polícia
Federal (PF) em São Paulo na tarde desta quinta-feira (9) para cumprir prisão
após revogação do habeas corpus que o mantinha livre. Ele deixou sua casa,
na Zona Oeste da cidade, e seguiu escoltado até a Superintendência da PF.
Temer
é acusado de chefiar uma organização criminosa que teria recebeu R$ 1,091
milhão em propina nas obras da usina nuclear de Angra 3, operada pela
Eletronuclear. Ele foi denunciado pelo Ministério Público pelos
crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O
MPF do Rio de Janeiro afirma que a soma dos valores de propinas recebidas,
prometidas ou desviadas pelo suposto grupo chefiado pelo ex-presidente
ultrapassa R$ 1,8 bilhão. Também se entregou à PF João Baptista Lima
Filho, o coronel Lima, amigo do ex-presidente e sócio da empresa Argeplan.
O
desembargador Abel Fernandes Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª região
(TRF-2), determinou que Temer e Coronel Lima fiquem presos em São Paulo.
A
defesa do ex-presidente pediu liberdade ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O
advogado Eduardo Carnelós afirma que não há motivos para manter Temer preso
porque os fatos apurados ocorreram há muito tempo. \”Não há espaço, data vênia,
para a manutenção do paciente no cárcere a título cautelar, passado tanto tempo
entre os fatos apurados e o presente momento\”, disse.
Na
noite de quarta-feira (8), a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região
(TRF-2) decidiu, por 2 votos a 1, pela revogação do habeas-corpus e o
retorno de Temer e do coronel Lima à prisão. Eles estavam soltos desde o dia 25
de março, após decisão liminar do desembargador Ivan Athié.O
ex-presidente ficou preso em uma sala da Corregedoria, no terceiro andar do
prédio da superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. É uma das
poucas salas no edifício com banheiro privativo, frigobar, ar-condicionado e
cerca de 20 m².