Quem quiser concorrer pelo Novo terá de pagar e passar por um processo seletivoSão notórios na política
brasileira os acordos financeiros para assegurar uma legenda e muitos os casos
em que os candidatos tiveram que desembolsar recursos próprios e até bancar
suas campanhas para ter o direito de concorrer. Agora, contudo, o Partido Novo
resolveu tabelar o preço da expectativa de obter a condição de candidato a
prefeito em 2020.
Uma espécie de pedágio
para dar acesso ao caminho de se obter a legenda. Edital lançado pelo partido
estipula uma taxa inicial de R$ 4 mil para que os potenciais candidatos sejam
submetidos a um processo seletivo que definirá os candidatos nas próximas eleições
municipais.
A relação do edital
envolve oito cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba,
Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Recife. Em outro momento, o partido abrirá
os processos seletivos para outros municípios. As inscrições dar-se-ão, pela
internet, de 16 de abril e 15 de outubro de 2019.
Para se tornar postulante
à vaga de potencial pré-candidato a prefeito, o filiado se submeterá a um
processo em três etapas. A primeira consiste no cadastramento, com envio de
informações pessoais e profissionais. O postulante deverá comprovar, dentre
outros requisitos, “experiência mínima de oito anos em posições relevantes em
gestão no setor público e/ou privado, com elevadas práticas de governança”.
Convenção partidária – Caso seja aprovado nessa etapa, ai vem a facada: é a hora
de pagar a taxa de inscrição de R$ 4 mil. Esse valor, contudo, não assegura a
candidatura. Será preciso passar por uma bateria de entrevistas e testes
comportamentais, além de uma avaliação pelos diretórios nacional, estadual,
municipal.
Mesmo aprovado nessa
sabatina, a vaga ainda não estará garantida. Diz o edital, com base na lei, que
a palavra final é da convenção partidária municipal. “As convenções têm suas
prerrogativas, termos e responsabilidade para análise e aprovação das
nominatas”. Não sendo aceito, não há previsão de devolução dos R$ 4 mil pagos
no início do processo.
Medida elitiza a política
Advogados especialistas
em direito eleitoral afirmam que a cobrança de taxas implementada pelo Novo não
configura uma irregularidade, nem apenas uma medida arrecadatória, mas aponta
para uma elitização dos integrantes do partido. Ao cobrar altas taxas, a
legenda fecha as portas para lideranças comunitárias com menor poder
aquisitivo.
Além disso, questionam
esses juristas, de que forma esse recurso vai ser contabilizado. “Como o Novo
vai tratar esse dinheiro arrecadado? É uma doação? Uma contribuição semelhante à
de filiados?
“Mas a taxa é anterior à
filiação. Qualquer ingresso de dinheiro nos partidos políticos está sujeita a
aprovação do TSE. Vai ser por via bancária? Como será contabilizado? Tem uma
série de requisitos legais que pode complicar o meio do campo do Novo”, alega
um advogado especializado em Direito Eleitoral.Procurado, o candidato ao GDF pelo Novo, Alexandre
Guerra, não quis comentar, e passou a bola para o presidente do partido, Edvar
Correa, que não respondeu à reportagem. Mesmo comportamento teve o jornalista e
advogado Paulo Roque, candidato do Novo ao Senado: silêncio.