
Durante
a última campanha, andei por cada canto do Distrito Federal, e, ao contrário do
que muita gente do restante do País imagina, há, aqui, locais carentes, sem
infraestrutura e serviços públicos inadequados para milhares de pessoas. Entre
os mais pobres, a principal queixa era com relação ao sistema de saúde. O
quadro era de caos: pessoas morrendo enquanto esperavam lugar na fila por um
atendimento. Uma situação inaceitável que encarei como primeiro desafio a ser enfrentado.
Para
resolver a situação, é preciso transparência, franqueza, trabalho. Muito
trabalho. Verifiquei, de imediato, que um modelo já implantado no Hospital de
Base está sendo bem-sucedido e aceito pela população. Foi criado um Instituto
com maior autonomia, de maneira a tornar mais ágil os procedimentos de compra e
contratação de pessoal.
Os
ganhos com essa mudança podem ser demonstrados. Por exemplo, apenas na
aquisição de órteses, próteses e demais materiais para a ortopedia, o Instituto
já economizou cerca de 50%. Houve queda em quase todos os itens de despesa e os
recursos que sobram podem ser investidos diretamente na melhoria dos demais
serviços de saúde.
É
evidente que um sistema que atende melhor a população deve ser preservado e ampliado.
Num primeiro passo, em acordo com o Legislativo, devemos incluir na estrutura,
a partir do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do DF, novas instituições
como o Hospital de Santa Maria, o Hospital Materno-Infantil, e o Hospital Regional
de Taguatinga, além das unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). Importante
destacar que essa modernização em nenhum momento irá tirar direitos dos servidores,
que poderão optar se trabalharão na Organização ou na Secretaria de Saúde.
O
DF também precisa consolidar um sistema de informação em tempo real de todas as
áreas (atenção básica; atenção especializada, com consultas, exames e
procedimentos; atenção na urgência e emergência; gestão hospitalar; regulação;
e transporte sanitário).
O
Hospital da Criança, o Hospital de Base e o Instituto de Cardiologia já possuem
esse sistema, mas é preciso uma integração de todas as unidades, com prontuário
eletrônico e uma sala de monitoramento de todas as ações estratégicas, com
acesso a painéis de controle para os gestores. A disposição dos serviços deve
estar no celular das pessoas, a fim de que a população possa ter acesso mais
fácil a eles, de onde quer que esteja.
Não
existe nada mais frustrante ou desesperador para uma gestante na hora do parto
do que não encontrar vaga na maternidade. O que dizer de uma mãe com o filho
doente procurar o médico e não ter pediatra.
De um paciente com uma receita médica na mão receber como resposta a
falta do seu medicamento. Muitas vezes, questões graves como essas podem ser atenuadas
por um sistema mais integrado que pretendemos implantar.
Essas
medidas, mais estruturais, não significam que ficamos de braços cruzados em
relação ao aqui e agora. Ao contrário. Logo após ter tomado posse, implantamos
o SOS Saúde, com mutirões de cirurgias eletivas, principalmente ortopédicas,
cardíacas e oncológicas. É preciso ser incansável para melhorar essa área.
Em
certos momentos cheguei a me posicionar contra o modelo implantado no Hospital
de Base, pois, como grande parcela da população, as informações que vinham a
público eram precárias e davam margem a muitas dúvidas. Hoje vejo o que há de
positivo e tenho a humildade em admitir a necessidade de replicá-lo em outras
unidades hospitalares. Não há demérito nisso. Ao contrário, a humildade é a
base para as demais virtudes, é ter grandeza, é buscar a sabedoria.
Mas
um ponto precisa ficar claro: meu compromisso é entregar o melhor serviço à população,
sobretudo aos que mais precisam. É preciso coragem e determinação para avançar
mais, dentro do espírito de responsabilidade que deve caracterizar a
administração pública. O DF há de se tornar referência nacional em saúde.
Vou por esse caminho.
(*)
Governador do Distrito Federal