
Garantidamente, um dos momentos mais marcantes da cerimônia de posse do
presidente Jair Bolsonaro foi o discurso da primeira-dama, Michelle, feito em
Língua Brasileira de Sinais (Libras). A comoção de muitos foi notória diante da
grata surpresa (melhor do que chamar de \”quebra de protocolo\”), uma
vez que o inédito discurso deu voz a uma significativa parcela da sociedade que
luta por igualdade: os surdos.
Em seguida, a ministra da mulher, família e direitos humanos, Damares
Alves, anunciou que os servidores do ministério terão de, em 6 meses, aprender
Libras. Fica, portanto, evidente que essa deve uma das pautas do novo governo. Por
esse motivo, que tal entender o que é Libras?
Diferentemente do que muitos pensam, Libras não é \”português
traduzido para as mãos\” (e é imaturidade compreendê-la assim). Como o
próprio nome diz, é uma língua legalmente reconhecida – assim como o português,
o inglês e tantas outras – com aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos próprios.
Por isso, não é uma mera transposição. Essa língua é tão complexa que
apresenta níveis de formalidade e informalidade, regionalismo e até gírias! A
Língua de Sinais usada em Brasília não é necessariamente idêntica à que se fala
no Piauí, por exemplo. Sim, é possível afirmar que, em Libras, há sotaque!
Tive a grande oportunidade de dividir sala, durante o meu mestrado, com
muitos pós-graduandos de Letras-Libras de diversos lugares do Brasil – situação
que normalmente só é vivenciada na universidade pública. Alguns deles possuíam
surdez total; outros, parcial. Alguns faziam leitura labial ou falavam.
A comunidade surda é bastante heterogênea em relação à comunicação, e,
por isso, o assunto é tão vasto. Apesar de não saber Libras, pude, por meio da
minha linha de pesquisa – o Gerativismo – fazer alguns estudos acerca da Língua
de sinais.
Com todo esse panorama, veio-me um questionamento: será que a Língua
Brasileira de Sinais pode se tornar assunto em provas de concursos públicos?
Quero saber a sua opinião! Deixe-a nos comentários!
Esperamos que a valorização dos surdos vá além do discurso de posse! A igualdade (um dos princípios iluministas)
deve ser a base de nossa sociedade!