Numa roda de conversa de cinco grandes empresários da construção civil do Distrito Federal durante o velório do advogado e ex-deputado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, quarta-feira (26), o assunto era a decisão do governador eleito, Ibaneis Rocha (MDB), de substituir o atual presidente da Terracap, Júlio César Reis (que havia sido confirmado para continuar no cargo), pelo atual ministro da Saúde de Michel Temer, Gilberto Occhi.
Enquanto o padre Virgílio Leite Uchôa comandava as ezéquias de Sigmaringa Seixas no interior da Capela 7 do cemitério Campo da Esperança, lembrando várias situações vividas com o amigo de quem se despedia, os empreiteiros comemoravam a queda de Reis do trono da Terracap. Ao perceberem a presença do repórter, não pediram segredo, mas apelaram para que seus nomes não fossem divulgados.
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) lia, emocionado, a carta do ex-presidente Lula exaltando a história de Sigmaringa e os cinco amigos continuavam avaliando que a substituição de Reis por Occhi injetou ânimo no mercado. A compreensão do pequeno grupo é de que o atual gestor da estatal mantém uma relação muito próxima com três construtoras – Emplavi, JC Gontijo e Via Engenharia – e seu substituto poderá ampliar este leque, incrementando a construção civil a partir de 2019. A boca pequena, circulava que “manter Reis no comando da Terracap era transformar a empresa num puxadinho dessas construtoras…”
Os muitos amigos do falecido e familiares presentes ao velório já aplaudiam a descida do caixão de Sigmaringa à sepultura quando os cinco amigos começaram a se despedir, marcando a continuação da conversa para uma mesa de restaurante, após a posse de Ibaneis, no ano que se avizinha, para um brinde. “Precisamos comemorar a nomeação do Occhi. A escolha do governador deixa feliz o setor produtivo”, acenou um deles.
Ibaneis havia passado mais cedo e permanecido poucos minutos na despedida ao advogado a quem reverenciou como uma referência e lamentou a perda de um homem público “da mais alta relevância”. Mas não imaginava que sua escolha para a mais importante empresa estatal do GDF seria aplaudida no mesmo cenário por importantes lideranças do setor produtivo local.
Colaboraram com a matéria Clóvis Augusto e Zilta Marinho