O governador Rodrigo Rollemberg (PSB)assinou 13 Termos de Colaboração com comunidades terapêuticas para acolhimento de dependentes químicos. O evento, no último fim de semana, ocorreu na Fazenda Esperança, em Brazlândia.
Pelo acordo, o GDF aportará R$ 13 mil por mês para ajudar na manutenção das atividades da Fazenda Esperança, mantida pela União Brasileira de Educação Católica (UBEC), que há 35 anos desenvolve esse projeto de recuperação e acolhimento de pessoas que se perderam no consumo de drogas, principalmente o crack.
O projeto pioneiro começou em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, liderado pelo frei alemão Hans Stapel. Atualmente, existem 130 unidades da Fazenda Esperança espalhadas pelo mundo, sendo 86 no Brasil. Ao todo, são três mil jovens em processo de recuperação, sendo 26 na unidade feminina Santa Bakita, em Brazlândia.
O programa se baseia em processos pedagógicos que elevam a autoestima e resgatam a dignidade dos acolhidos. A recuperação é baseada no tripé convivência-espiritualidade-trabalho. Todos os acolhidos vivem numa irmandade capaz de lhes devolver o real sentido da vida, do amor próprio e ao próximo. O programa também trabalha junto à família, considerada peça fundamental para o sucesso da recuperação.
No DF, são atendidas dependentes químicas com idade de 15 a 40 anos. Para serem aceitas no projeto,elas precisam enviar uma carta escrita de próprio punho manifestando os motivos de sua vontade de recuperação. Na sequência, elas passam por uma entrevista e fazem exames médicos.
Aqui e em todas as Fazendas da Esperança o recuperando passa por um processo pedagógico de 12 meses, desenvolvendo atividades culturais, recreativas, religiosas e laborais.Cultivam hortas, criam galinhas, porcos e vacas leiteiras e produzem pães, biscoitos e doces.
Os produtos são consumidos na própria casa de abrigo e o excedente é comercializado nas paróquias nos finais de semana. O dinheiro arrecadado é dividido entre as recuperandas.
Um projeto mantido por voluntários
A Fazenda Esperança é mantida principalmente pelo apoio de voluntários. Seu principal apoiador é o bilionário Estevam Duarte de Assis. Casado e sem filhos, ele e sua esposa levam uma vida muito simples. Moram num pequeno quarto com um banheiro em Belo Horizonte. Seus deslocamentos pela cidade são feitos num carro 1.000 (um Fiat Palio).
Estevam é da família Bretas e, como engenheiro, fez fortuna atuando nos segmentos de shopping center,supermercado, hotéis e loteamentos. Por sua orientação, 10% do faturamento das empresas da família são doados para obras de caridade. Ele também repassa 90% de seus rendimentos pessoais, estimados em cerca de R$ 12 milhões por mês, para os projetos de assistência aos desvalidos.
Em Brasília, o projeto conta com vários voluntários, entre eles os sócios e investidores da empresa Mirante, Jamil e Jorge Lessa. “Sentimos uma felicidade enorme de fazer parte deste projeto. É uma alegria inexplicável colaborar com essas jovens”, resume Jamil.