Embora fosse um ilustre desconhecido da maioria da população do DF até um ano atrás, Ibaneis Rocha não enfrentou uma eleição improvável de vencer. Seguiu a cartilha do que ele mesmo antecipou em outubro de 2017 neste Brasília Capital: não vai ter W.O. Ele referia-se ao triunfo de Rodrigo Rollemberg em 2014, quando o governador derrotou Jofran Frejat (PR),que substituiu José Roberto Arruda. Ibaneis ainda se beneficiou da alta rejeição a Rollemberg, que chegou a 70% às vésperas do pleito. Era matematicamente impossível virar o jogo.
O milagre foi operado com a ida do atual governador ao segundo turno, evitando vexame semelhante ao de Agnelo. Justamente por esses números, os adversários do atual governador eram muitos. Nem sua base manteve-se unida. Rede e PDT oficialmente estavam com o socialista, mas no segundo turno explicitaram apoio ao advogado outsider.
Rogério Rosso (PSD) foi governador sem voto. Eliana Pedrosa (Pros) nunca passou de coadjuvante. O enfraquecido PT não existiu nas eleições majoritárias. Fátima Sousa(PSol) e Guerra (Novo) não tinham reais expectativas de vencer. O general era despreparado e dividiu o apoio do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) com Alberto Fraga (DEM), que foi condenado durante o período eleitoral. A via ficou livre e Ibaneis acelerou.
Depois de eleito, as promessas eleitoreiras se tornam dívidas com a população. Uma delas, foi a de eleição direta para administradores regionais. Durante reunião de “lideranças comunitárias apartidárias para levantar demandas prioritárias em regiões administrativas” na última semana, percebeu-se os reais interesses políticos intrínsecos desses ditos líderes. Cada um que discursa tenta semostrar amigo íntimo do futuro governador.
Um pintou o próprio carro com a foto do piauiense e garante que sozinho conseguiu 40 mil votos em Ceilândia para o 15.Outra se orgulha por sua mãe ter participado do programa eleitoral o emedebista.Outro, que foi candidato a deputado distrital pelo partido de Rosso se diz “Ibaneis desde sempre”.
Que prepotência! Nem Ibaneis é “Ibaneis desde sempre”. Até poucos dias antes do início do período eleitoral, o candidato do grupo político era o incontestável ex-secretário de Saúde Frejat. Entretanto, o sentimento de esperança embutido nesses discursos não surgiu do nada. Alguém prometeu algo a alguém. O quê?Quem?… Cenas dos próximos capítulos!
As cobranças, positivas e negativas, vão chegar a Ibaneis. Embora aumente o número de secretarias e administrações, não existe cargos suficientes para toda essa gente. As ameaças, como ouvimos, já começaram: “se ele não escolher um dos meus nomes para a Ceilândia, vai se ver comigo”, falou uma liderança em tom de brincadeira, com fundo de verdade.
Resta desejar sorte ao Doutor Ibaneis!