A vitória do efeito Bolsonaro foi acachapante no primeiro turno das eleições brasileiras no domingo (7). O candidato do PSL foi o vencedor, com 46,03% dos votos válidos ante 29,28% de Haddad (PT). Ciro Gomes (PDT) obteve 12,47% e consolidou-se como a terceira via da política nacional, em detrimento de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (REDE), que viram seu capital eleitoral se desintegrar, ficando em míserosquarto e oitavo lugares, respectivamente.
Caso o PSDB não vença no segundo turno as disputas estaduais de São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do país, as eleições de 2018 representarão o fim do poder nacional dos tucanos, que já viram sua força na Câmara dos Deputados cair quase pela metade e se reduzir em 50% no Senado. O apoio incondicional ao impeachment daex-presidente Dilma representou sua morte nas urnas. O PT se tornou oposição ao governoTemer, e assim sobreviveu eleitoralmente. Bolsonaro se tornou a antítese petista.
Seja quem for que vença a disputa presidencial, fato é que o PSL, um partido nanico com oito deputados federais e nenhum senador, passou a ser a segunda maior bancada na Câmara, com 52 deputados, e a décima no Senado, com quatro senadores eleitos.Além disso, elegeu os deputados federais e estaduais mais votados da história do Brasil – Eduardo Bolsonaro, com 1.843.735 votos, e Janaina Paschoal, com 2.060.786, ambos de São Paulo. Além disso, diversos deputados estaduais, senadores e governadores conseguiram vencer ou ir ao 2º turno como os favoritos graças ao apoio que tiveram da imagem de Bolsonaro.
O apoio incondicional ao impeachment e a Bolsonaro rendeu vitória para a Câmara Federal a outras figuras, como Joice Hasselmann (PSL), com 1.078.666 votos, o líder do MBL, Kim Kataguiri (DEM), com 465.310 votos, e o ex-ator de filmes pornográficos Alexandre Frota (PSL), que obteve 155.522 votos.Assim como Kim Kataguiri, que conquistou notoriedade e visibilidade pelas redes sociais, Arthur Mamãe Falei (DEM), também foi eleito deputado estadual por São Paulo com 478.280 votos.
Vários dogmas eleitorais foram colocados à prova nestas eleições. A TV não ajudou em nada Geraldo Alckmin, que apesar de ser o dono do maior tempo no horário gratuito e nas inserções, foi o grande desastre eleitoral. Mas, ao mesmo tempo, ajudou Haddad a se tornar rapidamente conhecido como o candidato de Lula. O PT conseguiu se manter como a maior bancada na Câmara, com 56 deputados. E, apesar de perder três senadores, manteve a sexta maior bancada no Senado.
Para Bolsonaro a TV foi irrelevante. Como conquistou quase que a totalidade do reduto eleitoral que antes pertencia ao PSDB, é possível inferir que o tempo de TV do PSDB foi essencial para referendar a predileção pela imagem controversa de Bolsonaro e o antipetismo.
E a internet? Ah, esta merece um artigo à parte, e certamente será ainda mais importante na batalha do segundo turno.Até aqui, o impensável aconteceu. Bolsonaro sem estrutura partidária e sem tempo de TV, e Lula, preso desde abril, foram os grandes nomes.O PT, expert em publicidade de embate, conseguirá derrubar a quase hipnose nacional do eleitorado cativo de Bolsonaro? E os apoios de segundo turno, farão efeito?