O ex-presidente Lula foi levado nesta sexta-feira para depor na polícia Federal numa nova fase da operação Lava-Jato. Nela, a força-tarefa diz que o petista era um dos beneficiários dos crimes na Petrobras. Se até então Lula era investigado por ocultação de patrimônio, segundo denúncias envolvendo o sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá, agora ele é suspeito de lavagem de dinheiro e corrupção. Nesta sexta-feira, 11 pessoas foram levadas a depor coercitivamente, entre elas Lula, e 33 endereços foram alvos de mandados de busca e apreensão, boa parte deles relacionados a familiares e amigos do ex-presidente.
“De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política (PT). Mais recentemente, ainda, surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-presidente Lula como pessoa cuja a atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa”, diz a força-tarefa. Lula está neste momento no escritório da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, onde prestaria depoimento. Havia especulação de que o ex-presidente poderia ser levado ainda nesta sexta-feira para Curitiba.
Segundo o MPF, as investigações apontam para crimes de lavagem de dinheiro transnacional e “há fatos praticados quando o ex-presidente estava no exercício do mandato”. Segundo a apuração, possivelmente a influência de Lula foi usada antes e depois do mandato para que o esquema “existisse e se perpetuasse”.
A PF encontrou ainda evidências de que o ex-presidente recebeu benefícios da OAS, da Odebrecht e do pecuarista José Carlos Bumlai, todos envolvidos em esquema de fraude na Petrobras. As duas construtoras fizeram reformas e compraram móveis para o sítio e o tríplex. Bumlai teria feito pagamento para essas obras.
Entre os que estão sendo ouvidos, o braço-direito do ex-presidente e atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, e José de Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema que foi tesoureiro da campanha de Lula e Paulo Gortilho, diretor da OAS.
A operação foi denominada \”Aletheia\”, em referência à expressão grega que significa \”busca da verdade\”, segundo informe divulgado pela PF. São investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros, praticados, segundo a PF, \”por diversas pessoas no contexto de esquema criminoso e relacionado à Petrobras S/A\”.
Cerca de 200 policiais federais e 300 auditores cumprem cinco mandados de busca e apreensão em São Bernardo do Campo, cidade onde está o apartamento do ex-presidente; dois em Atibaia, onde Lula frequenta um sítio; um no Guarujá, onde seria beneficiário de um apartamento; e mandados nas cidades paulistas de Diadema, Santo André e Manduri.
A PF também cumpre um mandado de condução coercitiva em Salvador e mandados de busca na capital baiana e Rio de Janeiro. As cidades alvo da ação são: Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, São Bernardo do Campo, Atibaia, Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri.
De acordo com a PF, entre os crimes investigados nesta etapa estão corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto de esquema criminoso revelado e relacionado à Petrobras.
Veja quem são os alvos de condução coercitiva:
Luiz Inácio Lula da Silva (ex-presidente da República)
Paulo Tarciso Okamotto (presidente do Instituto Lula)
Paulo Roberto Valente Gordilho (funcionário da OAS)
José de Filippi Junior (ex-tesoureiro da campanha de Lula e Dilma)
Rogerio Aurelio Pimentel (ex-assessor especial de Lula no Planalto que recebeu a mudança)
Elcio Pereira Vieira (vulgo “Maradona”, caseiro de Lula)
João Henrique Worn (taxista que levou dinheiro da UTC para José de Filippi em 2010)
Paulo Marcelino Mello Coelho (ainda não identificados)
Luiz Antonio Pazine (ainda não identificados)
Alessandro Tomazila (ainda não identificados)
Alexandre Antonio da Silva (ainda não identificados)