Há 21 anos, no dia 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram mortos durante uma fiscalização em Unaí (MG). Um dos condenados pelo crime, o fazendeiro Norberto Mânica, foi preso no último dia 15 de janeiro, em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. Norberto Mânica estava foragido desde setembro de 2023 e, segundo a Polícia, usava nome falso para se esconder.
Outro envolvido no caso conhecido como “Chacina de Unaí” é o irmão de Norberto, o também fazendeiro Antério Mânica, condenado a 89 anos de cadeia pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região. Além de empresário, Antério é ex-prefeito da cidade. E é por isso que vamos tratar do caso neste espaço, que se dedica à política.
A mineira Unaí, a 166 quilômetros de Brasília, integra a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. Nas eleições de 2024, elegeu como prefeito Thiago Martins (PL). A diferença entre Martins e Rafhael (Novo) foi de apenas 39 votos. Foi a primeira vez desde que Antério Mânica geriu a cidade que sua família não declarou apoio a nenhum dos candidatos. “Antério está muito doente e eles (os Mânica) resolveram não se envolver com política em 2024”, diz um morador de Unaí que prefere não se identificar.
“Até hoje o crime divide a cidade. Os políticos evitam tomar lado quanto a essa questão no período eleitoral. Muita gente acredita que os Mânica não foram os mandantes dos assassinatos”, afirma um unaiense que trabalha com eleições ouvido por esta coluna.
Branquinho, prefeito reeleito em 2020, contou com o apoio de Antério. “O apoio da família foi primordial para Branquinho se reeleger naquele ano”, concluiu, preferindo não revelar sua identidade. Dois anos depois, Antério virou notícia novamente ao declarar apoio a Jair Bolsonaro (PL), à época, à revelia de seu partido, o PSDB.
Linha Direta
A repercussão da Chacina de Unaí – impulsionada pelo programa Linha Direta, da TV Globo (quem lembra?) – foi tão grande que, desde 2009, no dia 28 de janeiro, são comemorados o Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo e o Dia Nacional do Auditor Fiscal do Trabalho. Isto porque as vítimas da Chacina de Unaí eram auditores e exerciam o combate ao trabalho escravo quando foram mortos.
Aposto que poucos sabiam o porquê desta data constar no calendário de datas especiais.
Diante disso, a dica para políticos e assessores é: aproveitem as datas comemorativas para relembrar casos como este ou contar histórias.