O governo federal caiu numa armadilha criada por ele mesmo. Não bastassem as suspeitas sobre a fábrica de notícias falsas e robôs em redes sociais, a Secretaria de Comunicação Presidência da República (Secom-PR) surge como financiadora de portais propagadores de notícias falsas. E não “só” isso…
O jornal O Globo divulgou dados obtidos pela CPMI das Fake News. Os relatórios mostraram que o dinheiro público foi utilizado para pagar 2 milhões de publicidades em sites conhecidos, também, por fazerem ataques às instituições. Outra parte foi investida em anúncios em sites pornográficos.
O secretário de Publicidade, Glen Valente, convocou uma coletiva para tentar eximir-se de culpa. Afirmou que a Secom não pode classificar canais como de “fake news”, pois utiliza uma ferramenta que automatiza a distribuição de mídias na Internet.
O Google Adsense permite que o cliente – no caso, a Secom – selecione o público que deseja atingir. Funciona como os posts patrocinados (ou impulsionados) nas redes sociais. Para receber tais publicidades, os sites precisam autorizar e disponibilizar espaço virtual.
Pode excluir – Apesar de a distribuição da mídia ser automatizada, ao selecionar o público o cliente pode determinar onde não quer anunciar. Agora, a Secom, que esqueceu deste detalhe e pagou por anúncios inclusive no YouTube do senador Flávio Bolsonaro, passa a tentar reaver o dinheiro junto ao Google.
Resta saber se o Presidente que prometeu cortar a “mamata” dos grandes grupos de comunicação vai continuar investindo em sites pornográficos e de fake News. Isto sim, é uma indecência com o dinheiro público.
Dinheiro do Bolsa Família vai para propaganda
Na quinta-feira (5) o Diário Oficial da União publicou autorização para transferência de R$ 83,9 milhões do programa Bolsa Família para a Secom. Na prática, o dinheiro que seria destinado para pessoas na linha da pobreza na região Nordeste, agora será utilizado para publicidade governamental.
A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), presidente comissão especial do Bolsa Família, disse que a decisão “é grave e precisa ser revista”. O ministério da Economia alega que o corte se deu porque os beneficiários do Bolsa Família passaram a receber o auxílio emergencial de R$ 600.
Auxílio Emergencial — O programa assistencial voltado para o período da crise causada pelo coronavírus tem duração inicial de 90 dias. Bolsonaro admite prorrogar por mais dois meses, reduzindo o valor do benefício para duas parcelas de R$ 300.
Entretanto, parlamentares de diferentes correntes políticas se movimentam no Congresso para expandir o programa. Há, inclusive, quem defenda pagamento permanente do auxílio. Este promete ser o próximo embate entre Executivo e Congresso Nacional. Embora o Presidente goste da ideia, pois daria um carimbo pessoal ao socorro aos desvalidos, esvaziando cada vez mais o Bolsa Família, uma marca dos governos petistas (JP).