Júlio Miragaya (*)
Desde a eleição de 1989, o brasileiro ouve ecoar a expressão “Lula lá”, que significa o desejo de grande parte do eleitorado ver Lula no Planalto, governando o Brasil. Este desejo foi surrupiado ao povo em 2018, mas, a poucos dias da eleição mais importante da nossa história, torna-se crucial elegê-lo no primeiro turno.
Ele é o único que pode evitar a continuidade e consolidação da extrema direita no País. Não há qualquer chance para outra candidatura realizar o objetivo de evitar que a disputa com Bolsonaro vá para 30 de outubro, com todos os riscos que isso representa para a democracia e os direitos do povo.
Para os eleitores que defendem a democracia, a justiça e os direitos sociais e repudiam a ditadura e a pregação do ódio, apresento 13 motivos para digitar 13 no 2 de outubro.
- Para extirpar, definitivamente, a fome do país;
- Para distribuir terra para os camponeses sem terra e investir mais na agricultura familiar, que de fato produz alimentos que vão para a mesa do brasileiro – e não no agronegócio, que converteu 85% das terras agricultáveis para produzir ração para porcos, aves e gado (soja e milho) do Brasil, Ásia e Europa – além de cana-de-açúcar;
- Para gerar empregos dignos, com direitos trabalhistas e sociais para os 15 milhões de desempregados; retomada da política de valorização do salário mínimo e institucionalização de um Programa de Renda Básica;
- Para que o Estado Brasileiro propicie a proteção social ao povo, assistência social aos mais vulneráveis e aposentadoria digna aos idosos;
- Para que o Estado seja indutor do desenvolvimento econômico, que os bancos oficiais – BNDES, BB, Caixa, BNB, BASA – sejam instrumentos de fomento ao desenvolvimento e que as estatais estratégicas – Petrobras, Eletrobras, etc – sejam colocadas a serviço da nação e não de interesses privados;
- Para que seja feita uma reforma tributária que imponha a tributação progressiva, em que os mais ricos paguem impostos, aliviando a carga tributária sobre os mais pobres, via redução da tributação sobre bens e serviços;
- Para conter a inflação, não com política de juros elevados – que levaram as famílias e as pequenas e microempresas a um elevadíssimo endividamento – mas pela oferta de crédito barato e ampliação da oferta de bens e serviços, especialmente de alimentos;
- Para reconstruir e fortalecer o SUS e nunca mais repetir o descaso com a saúde, responsável pela morte por covid de 686 mil brasileiros; para que todos tenham moradia digna, com a universalização do saneamento básico, transporte público de qualidade e condizente com a renda dos mais pobres;
- Para que os jovens tenham acesso à educação pública, gratuita e de qualidade, da pré-escola à universidade;
- Para que o meio ambiente seja defendido, que os órgãos de proteção ambiental sejam fortalecidos, que cesse a grilagem de terras, que a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Mata Atlântica e os Pampas sejam protegidos, e as unidades de conservação, as terras indígenas e as comunidades ribeirinhas e quilombolas sejam respeitadas;
- Para que a cultura e a arte voltem a ser valorizadas, que a criatividade e a alegria das manifestações populares sejam impulsionadas;
- Para que o país volte a ser respeitado no mundo, que seja ampliada a participação política popular e cesse a violência policial e a perseguição e criminalização dos movimentos sociais;
- Para que o Brasil vire essa “página infeliz da nossa história”, de estímulo ao ódio, à violência, ao armamentismo, a toda uma gama de preconceitos abomináveis – racismo, homofobia, misoginia, xenofobia, aporofobia, intolerância religiosa – cultuados por uma minoria elitista e egoísta, estranha à índole da maioria de nosso povo.
(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia